Filhos – Criando caminhos através do aprendizado mútuo

Quando soube que estava grávida, mil pensamentos me ocorreram, mas o mais importante era “que tipo de exemplo eu serei para meus filhos”.

Após avaliar que tipo de exemplo seria, concluí que a forma como eu agia na vida, a forma como eu pensava e como eu vivia, não seriam bons exemplos para meus filhos e que eu gostaria que eles aprendessem a se comportar como eu. Precisaria abolir os palavrões, as agressividades gratuitas e coisas do tipo. Avaliando pelo meu padrão de exigências de como uma mãe deveria se comportar, eu estava reprovada como exemplo, precisaria melhorar muitas coisas.

No mesmo instante decidi começar observando minha forma de falar, eliminado palavrões e gírias.

Pela primeira vez pensei de maneira menos passional e pude avaliar a partir de uma visão mais ampla a maternidade, deixei de ver pelo ângulo de filha para me colocar no papel de mãe.

Percebi que ser mãe, no meu entender (conceito rígido), denotava uma responsabilidade impossível de ser realizada. Havia um misto de coisas realizáveis e de coisas subjetivas (coisas internas), que eu atribuía ao papel dos pais, que eram simplesmente impossíveis de serem supridas por alguém.

Pela primeira vez percebi que eu tinha uma visão deturpada do papel dos pais.

Corri até a livraria e comprei vários livros sobre educação de filhos, decidi que eu queria me tornar o melhor referencial de maturidade possível, portanto precisava entender mais sobre o assunto. Eu não imaginava o quanto e como, esta empreitada iria alavancar minha evolução pessoal.

Realmente alguns livros foram muito úteis e me ensinaram como agir e como criar oportunidades para que meus filhos se desenvolvessem da melhor maneira possível.

Na oportunidade, quero agradecer a autores como Içami Tiba, Tânia Zagury, Dorothy Law Nolte, Rachel Harris, Steve Biddulph, Dorothy Corkille Briggs, dentre outros, que me incentivaram a investir numa relação saudável, de confiança e cooperação mútua com meus filhos.

Porém, à medida que os filhos cresciam, percebi que não havia literatura disponível, que me ensinasse a lidar com a criança no dia a dia de uma forma mais integral, levando em consideração as várias facetas que não eram abordadas na literatura fisicalista.

Existiam situações que não podiam ser explicadas sem a quebra do paradigma de que existe apenas esta vida, de que somos o produto do meio em que vivemos e da genética familiar.

Vejamos no exemplo:

Dois adultos bem sucedidos financeiramente, que estudaram e promoveram a independência financeira do casal, construíram uma base sólida, profissional e pessoal, com valores baseados no respeito, na solidariedade e na amizade, são exemplos de sucesso, porém percebem que seu filho não se adequa ao ambiente escolar, não consegue sustentar amizades positivas, suas notas são insuficientes, o nível de agressividade do filho está se tornando incontrolável.

Estes pais chegam a desconhecer o próprio filho em determinados momentos, provavelmente se sentirão perdidos e sem respostas para a situação.

Neste caso os pais receberão orientação da escola para procurar ajuda médica ou psicológica para o filho. Podem ser encaminhados para o conselho tutelar e até em casos mais graves convidarem o aluno a se retirar da escola.

Em momento algum receberão orientação no sentido de entendimento quanto às influências extrafísicas, de vidas passadas, influências energéticas, desequilíbrios provocados por pensamentos ou sentimentos desestabilizados.

Caso recebam orientações neste sentido, encontrarão informações muitas vezes limitadas aos dogmas, às religiões e às crendices populares, o que não deixa de ser assustador.

Foram justamente os acontecimentos inexplicáveis que vieram a partir da experiência materna os agentes que impulsionaram minha busca para compreender, amparar e cooperar para o equilíbrio dos meus filhos.

Logo que me vi grávida, algumas culpas do passado começaram a incomodar e resolvi estudar mais sobre o espiritismo, comecei a frequentar uma casa espírita, e logo no primeiro dia me senti muito bem.

Eu tinha uma personalidade bastante rígida, possuía uma religiosidade impregnada de moralismos, embasados na crença dual do certo e do errado, da virtude e do pecado.

Num aniversário em família, meu primeiro filho estava com 2 anos e falou um palavrão com minha mãe, dei um tapa na boca dele. Queria ensinar a ele respeito pela pessoa mais velha. A maioria das pessoas me criticaram, aquilo me levou a uma análise profunda, sabia que precisaria aprender a conquistar o respeito deles de uma forma diferente, pois da forma como fui educada não seria adequada. Percebi alguns motivos que me levaram a reagir assim, o primeiro era o meu aprendizado, na minha infância a agressividade era um sinal de autoridade. O segundo foi a sensação de medo de que no futuro meu filho não soubesse respeitar o mais velho. O terceiro estava nos meus sistemas de crença relacionados à autoridade.

Como ensinar ao outro aquilo que não sabemos? Como ensinar ao outro com brandura e respeito?    

A partir daí me tornei autodidata, queria estudar mais e aprofundar sobre o funcionamento do ser humano.

 Alexander Lowen, Brain Weiss, Vera Pfeiffer, Louise Hay, Roberto Bo Goldkorn, Freud, Yung, Osho, dentre outros, passaram a ser meus professores, quanto mais lia e percebia a complexidade do ser humano, mais procurava me melhorar intimamente para tornar-me um exemplo mais atualizado. Paralelamente fazia acompanhamentos terapêuticos com psicólogos e profissionais holísticos buscando o autoconhecimento e a superação dos traumas.

Portanto assumir a responsabilidade de ser um referencial para as crianças, exigiu muito crescimento íntimo, à medida que eles me questionavam, me instigavam ao aprendizado.